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Docente da Unitins tem obra literária sobre Ditadura Militar divulgada em livro que conta a história de Petrópolis

Com o objetivo de mostrar outro lado da História de Petrópolis/RJ, município conhecido pelo título oficial de “Cidade Imperial”, um grupo de historiadores buscou contar no livro “Petrópolis, entre o conhecido e o (des)conhecido”, memórias que permaneceram à margem da historiografia oficial: a vida dos trabalhadores, da população negra escravizada e dos povos indígenas. 

A iniciativa surgiu da reunião de historiadores e pesquisadores que, ao longo das últimas décadas, produziram estudos sobre aspectos pouco explorados do município. O docente efetivo dos cursos de Letras e Pedagogia da Universidade Estadual do Tocantins (Unitins) Câmpus Araguatins Diego Grossi Pacheco é um dos autores da obra. O professor contribuiu com a escrita do capítulo “O golpe de 1964 e a Ditadura Militar em Petrópolis: conspiração, repressão e resistência”. O livro tem como principais organizadores os historiadores Lucas Ventura da Silva e Natália da Paz Lage.

“Esse é um livro que busca mostrar um lado da história de Petrópolis, uma cidade conhecida nacionalmente, que ninguém conta. Pois, o município aparece em novelas e filmes como uma cidade imperial, até usa esse título de maneira oficial, porque foi uma das moradias de Dom Pedro II, mas Petrópolis tem uma história muito rica feita pelos trabalhadores, pela população negra que foi escravizada e pelos povos indígenas que já estavam ali antes da colonização. Então, nós percebemos que o povo trabalhador, a ampla maioria da população, sempre foi excluída da história e há muito tempo nós temos buscado construir uma memória que seja além dessa cidade imperial”, explica Pacheco. 

Cada autor utilizou uma metodologia própria para resgatar essas memórias. No caso do docente da Unitins, sua pesquisa se concentrou na Ditadura Militar, com base em documentos oficiais, processos judiciais, jornais da época, entrevistas com pessoas que vivenciaram o período e demais moradores da cidade. 

Pacheco lembra que a construção dos seus escritos começou com uma postura militante ligada à “Casa da Morte”, centro clandestino de tortura que, segundo ele, operou na cidade durante a ditadura e foi considerado o maior do Brasil. O docente e outros ativistas lutam para que o local seja desapropriado e transformado em um museu de memória às vítimas do Golpe de 64.  

Com isso, o docente fez parte de um grupo que fundou a Comissão Municipal da Verdade, responsável por realizar uma ampla pesquisa sobre a época. O estudo revelou um forte movimento de resistência ao golpe na cidade, liderado por trabalhadores ligados ao Partido Comunista, entre outras descobertas. 

O diretor do Câmpus Araguatins, Sérgio Mendes, avalia como positiva a participação e envolvimento do docente em projetos como este. “O Câmpus Araguatins se orgulha imensamente da contribuição do professor Diego Grossi neste livro. Seu compromisso com a pesquisa histórica e a preservação da memória coletiva demonstra a relevância do papel acadêmico na construção de uma sociedade mais consciente e crítica. A participação do professor no resgate de narrativas marginalizadas e na investigação sobre a Ditadura Militar reforça a importância do ensino e da pesquisa em nossa instituição como agentes de transformação social”, afirma o diretor.

Produção coletiva e apoio institucional

A obra levou cerca de três anos para ser concluída e contou com o apoio da Prefeitura de Petrópolis, por meio do Instituto Municipal de Cultura, que financiou a impressão da obra. Nenhum dos autores receberá lucros com a venda do material, reforçando o caráter coletivo e de interesse público da iniciativa. O livro fica disponível em bibliotecas da cidade, será distribuído nas escolas e demais instituições de ensino.

O lançamento do livro ocorreu nesta sexta-feira, 21, em um local emblemático, o Museu Imperial de Petrópolis, um espaço tradicionalmente associado à monarquia. A escolha simboliza o propósito da obra, ocupar os espaços da memória oficial com a história do povo que construiu a cidade.

Autor e organizadores

Diego Grossi Pacheco professor efetivo da Universidade Estadual do Tocantins (Unitins) e vice-líder do Grupo Latino-americano de Estudos Históricos e em Educação (GLEHE) na mesma instituição. Formado em História pela Universidade Norte do Paraná (Unopar) e Pedagogia pelo Centro Universitário Internacional. Mestre em História pelo Programa de Pós-Graduação em História Comparada – Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHC-UFRJ) e doutor em Ciência Política pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP/UERJ). Foi professor de História na educação básica em algumas redes públicas do Rio de Janeiro, atuou como fundador e pesquisador voluntário da Comissão da Verdade de Petrópolis/RJ e colaborou no projeto “Cartografias da Ditadura” (ISER) – pesquisando, em ambos, temas relacionados aos regimes militares na América Latina durante a Guerra Fria, como luta armada, resistência, imperialismo, memória e direitos humanos. Visitou sítios históricos relacionados às revoluções contemporâneas em países como Bolívia (2017), Peru (2018), China (2018), Cuba (2023) e Panamá (2023). Tem foco de atuação voltado para assuntos relacionados ao materialismo histórico e ao mundo contemporâneo.

Natalia da Paz Lage é doutoranda e mestra em História Política, na linha de Política e Cultura, pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IFCH-UERJ), com pesquisa financiada pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). No âmbito do mestrado foi contemplada com a bolsa FAPER Mestrado Nota 10. Graduada em História no Centro de Teologia e Humanidades da Universidade Católica de Petrópolis (CTH-UCP). Pós-graduanda vinculada ao Laboratório de Estudos de Imigração (LABIMI). Integrante da Associação Brasileira de História Oral (ABHO). É pesquisadora no Laboratório de Pesquisa em História Social da Universidade Católica de Petrópolis (LAPHIS/UCP/CNPq), atuando na linha de pesquisa História Social, memória e cultura; e do Núcleo de História Oral Vidas em Movimento (NEHOVidas em Movimento/UERJ). Formada no curso Técnico em Produção Audiovisual pela Escola Estadual Dom Pedro II. Associada Titular do Instituto Histórico de Petrópolis (IHP). Atuou como produtora da VI Mostra Audiovisual de Petrópolis. Concorreu ao Prêmio Guerra Peixe, na sua nona edição realizada em 2018, na categoria audiovisual com o curta-metragem “Gênesis”.

Lucas Ventura da Silva é historiador com pesquisas voltadas à escravidão, abolição e abolicionismos no Brasil. Doutorando e mestre em História Política, na linha de Política e Sociedade, pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), com pesquisas financiadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Especialista em História do Brasil pelo Centro Universitário (Uninta), em História e Cultura Afro-Brasileira e em Gestão de Museus com Ênfase em Cultura, pela União Brasileira de Faculdades (UniBF). Licenciado em História pela Universidade Católica de Petrópolis (UCP). Faz parte do Museu da Memória Negra de Petrópolis. Atua no Instituto Brasileiro de Museus (Ibram/MinC), integrando as equipes do Arquivo Histórico (2019-2020 | 2023-), do Núcleo de Atividades Educativas e Culturais e da Área de Pesquisa do Museu Imperial. Integra o Núcleo de Estudos sobre Biografia, História, Ensino e Subjetividades da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (NUBHES/UERJ/CNPq), na linha de cultura histórica, subjetividades e experiências de mundo; e o Laboratório de Pesquisa em História Social da Universidade Católica de Petrópolis (LAPHIS/UCP/CNPq), na linha de História Social, memória e cultura. Associado Titular do Instituto Histórico de Petrópolis (IHP), cadeira n° 35. Membro da Associação Nacional de História (ANPUH-Brasil), via Seção Estadual Rio de Janeiro; e da Sociedade Brasileira de Estudos Oitocentos (SEO). 

A obra foi inspirada nas histórias não contadas ao longo dos anos (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

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