Durante o cumprimento de mandados em nova fase da Operação Fames-19, que afastou o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), a Polícia Federal esteve em endereços relacionados a atual secretária do Trabalho e Desenvolvimento Social, Valderez Castelo Branco, e apreendeu cerca de R$ 700 mil. A investigação apura suposta fraude na compra de cestas básicas durante a pandemia.
Valderez foi exonerada do cargo na quarta-feira (3), após o governador em exercício do Tocantins, Laurez Moreira (PSD), exonerar todos os secretários do primeiro escalão da gestão estadual.
O dinheiro estava em uma casa da secretária em Araguaína, norte do estado. Valderez foi deputada estadual entre 2014 e 2022. Segundo a investigação da PF, ela destinou emendas parlamentares para a compra de cestas básicas em contratos investigados.
Valderez Castelo Branco informou que colabora com as investigações e que “durante toda a sua vida pública, como deputada estadual e gestora, jamais utilizou recursos públicos ou de qualquer outra natureza para fins de desvio ou obtenção de vantagens ilícitas” (veja a nota abaixo).
A operação foi deflagrada na manhã desta quarta-feira (3). Além do governador, também foi afastada a primeira-dama, Karynne Sotero Campos, que ocupa o cargo de secretária extraordinária de Participações Sociais. Com o afastamento pelo prazo de 180 dias de Wanderlei, quem assumiu o cargo foi o vice, Laurez Moreira (PSD).
Em nota, o governador afirmou que a decisão se trata de uma “medida precipitada”, e ela afirmou que vai comprovar “ausência de participação nos fatos”. A assessoria de Valderez informou que ela prestou depoimento e está a disposição da justiça para esclarecer os fatos. Também disse que ela irá responder assim que tiver acesso ao processo completo (veja as notas abaixo).
No inquérito policial que levou à decisão do ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), foram identificados indícios de um esquema de desvio de recursos públicos em 2020 e 2021 para compra de cestas básicas e frangos congelados, durante a pandemia de Covid-19.
Como era deputada estadual na época, Valderez é apontada como uma das parlamentares que destinou recursos de emendas para esse fim.
Segundo confirmado à TV Anhanguera pela assessoria do Superior Tribunal de Justiça (STJ), os cerca de R$ 700 mil em espécie foram encontrados na casa da secretária durante o cumprimento dos 51 mandados de busca e apreensão e outras medidas cautelares em Palmas e Araguaína, além do Distrito Federal, Paraíba e Maranhão.
O nome da ex-deputada estaria em uma planilha de controle para pagamento de propina, conforme a apuração da polícia. Os recursos destinados por Valderez aparece em um dos contratos analisados pela polícia, que a incluiu como parte de um grupo de deputados que ‘voluntária e conscientemente, encaminharam emendas parlamentares em troca do recebimento de vantagens indevidas’.
No governo de Wanderlei Barbosa, Valderez atuou como secretária extraordinária de Participações Sociais e Políticas de Governo de Tocantins, em 2023. No ano seguinte, foi nomeada Secretaria Estadual Extraordinária de Ações Governamentais. No dia 11 de agosto de 2025, ela assumiu a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social.