A comunidade quilombola Ilha de São Vicente, em Araguatins, no Bico do Papagaio, teve uma conquista histórica neste 20 de novembro de 2023, Dia Nacional da Consciência Negra. Pelas mãos do representante da Associação da Comunidade Cantídio Barros Filho, a famílias receberam do governo federal o Título de Concessão de Direito de Uso sobre a Terra.
Com esse documento, entregue durante cerimônia em Brasília (DF) com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da ministra da Igualdade Racial Anielle Franco, a comunidade se tornou responsável legal pelo território que os quilombolas ocupam desde a época do Brasil Império.
O quilombo teve origem a partir de 1888, ano da abolição da escravatura. Os parentes de Salvador Batista Barros, um dos líderes do local que já faleceu, receberam a terra como uma doação e começaram a povoar o território.
Ao longo dos 135 anos que se passaram desde este marco, as mais de 70 famílias que descendem de escravizados e ocupam a região atualmente enfrentaram diversas violações de direitos relacionados, principalmente, a conflitos agrários.
Em setembro de 2019, a Justiça Federal concedeu à comunidade quilombola a posse sobre a terra que ocupa. No ano seguinte, o governo federal reconheceu a comunidade como quilombo.
De acordo com a Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (COEQTO), a comunidade é a primeira do Tocantins a receber a titulação das terras. Ao todo, o estado tem 48 territórios quilombolas e seis possuem avanço no processo de titulação.
Mesmo tendo direito de permanecerem na região, conforme o COEQTO, as famílias ainda enfrentavam situações de invasões por parte de pessoas que não possuem direto às terras.