Sentados em roda, crianças, adultos e idosos dedicaram um pouco do seu tempo para ouvir histórias sobre os costumes e os modos de vida de antigamente na comunidade quilombola Barra do Aroeira, em Santa Tereza. Desde a forma de se comunicar quando não existia o celular a como acender fogo sem isqueiro, se vestir, se relacionar com os mais velhos e até mesmo namorar, estão entre um pouco do que o povo quilombola se uniu para relembrar na última sexta-feira, 12, na Casa da Cultura do quilombo.
Contaram um pouco da tradição daquele povo, Eva Rodrigues, de 64 anos e Elzo Rodrigues, 66 anos, casal de idosos que nasceu na comunidade. Para Eva, a importância desse tipo de ação está nessa troca entre as gerações. “Temos que contar essas histórias, é uma forma de espalhar respeito entre as gerações”, disse dona Eva. Rodrigues afirmou que gostou e achou muito bonita a iniciativa. “Adorei reviver essas histórias e repassar aos mais novos”, complementou.
A proposta foi idealizada pelos jovens quilombolas Cristiane Rodrigues da Silva e Flávio da Silva Rodrigues, que primeiro pensaram em reunir apenas crianças para fazer uma sessão de contação de histórias dos mais velhos, o que acabou se estendendo para toda comunidade. “O nosso objetivo é resgatar nossa história e fazer com que ela não se perca com o tempo. Vemos que hoje em dia muitos costumes não existem mais. Queremos preservar e fazer com que as novas gerações conheçam”, disseram os organizadores.
Quem gostou muito da ação foi a agricultora familiar, Patrícia Rodrigues. “Muito lindo ver essa iniciativa vindo dos jovens. Achei muito importante poder resgatar nossa cultura e trazer para a juventude o que realmente é importante. Achei essencial a presença da Sepot, é como se fosse um incentivo a mais. Foi maravilhoso”, comentou.
A Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais (Sepot) esteve no evento como forma de apreciar e prestigiar a cultura e história da comunidade da Barra do Aroeira. A secretária da Sepot, Narubia Werreria, afirmou que é um momento de alegria poder prestigiar um pouco desse momento com o quilombo. “Nosso coração ficou alegre quando soubemos desse projeto. Como é bom ver que a juventude é idealizadora desse tipo de ação. Precisamos muito honrar aqueles que possibilitaram a resistência das nossas comunidades, a história, as tradições, os costumes, todo conhecimento ancestral, social, culinário, que são riquezas nativas nossas e que muitas vezes a gente não consegue perceber”, finalizou.